Mais amor, por favor
Psicóloga e Neuropsicologia Daniela Generoso
No
último século, estamos sendo pautados constantemente sobre assuntos
relacionados à saúde mental. E não. Esse não é um bom sinal. Falar sobre
isso é importante, mas não por razões como o crescente aumento de casos
de depressão, ansiedade, suicídio e outras doenças psicológicas. A
sociedade, por si só, não está evoluindo.
Recentemente,
fomos bombardeados com notícias sobre tortura psicológica em programas
de reality show. A prática dessa violência é cometida através de
punições emocionais repetidamente com intenção de ferir emocionalmente a
vítima.
No
BBB21, por exemplo, participantes foram julgados e isolados por seus
companheiros de casa por atos falhos cometidos, mas sequer conseguiram
ser ouvidos e perdoados. Já no programa da Itália, uma participante
brasileira foi alvo de ataques pelo simples fato de não possuir a mesma
nacionalidade que os demais, sofrendo com comentários misóginos e
xenofóbicos.
Mas
o mesmo acontece, por exemplo, no ambiente de trabalho, quando uma
pessoa recebe punições fora do “normal” de seus superiores, não consegue
ser ouvida ou recebe críticas não-construtivas por tudo que faz. O
ciclo se torna vicioso. Esgotado, a pessoa chega em casa e diminui a
esposa, a esposa diminui o filho e o filho faz o mesmo com o coleguinha
na escola.
Quando
uma crítica te puxa para cima, não julga você e, sim, suas ações, ela
apresenta uma direção para melhorar. O resultado se torna positivo,
principalmente, quando essa informação passa pelo filtro pessoal de
reflexão e a pessoa entende que errou. Ela é considerada uma crítica
construtiva, pois te faz querer evoluir e se aperfeiçoar.
No
entanto, a infeliz “Era do cancelamento” não permite a oportunidade de
errar, evoluir e melhorar. Errar faz parte da vida. Discordar do outro
também. Porém, é preciso entender até que ponto o conflito de opiniões é
tolerável. É claro que a opinião é individual e que ninguém precisa
estar de acordo para conviver bem. Mas o respeito à diversidade de
pensamentos, opostos ou não, é necessário para se conviver bem em
sociedade, desde que não machuque o próximo.
As
consequências para o cancelado podem ser desde depressão, ansiedade,
baixa autoestima, transtorno de personalidade e até automutilação ou
suicídio. Já as consequências negativas do “cancelador” só vão ser
vistas e percebidas quando ele procurar ajuda tendo consciência do mal
que fez. Isso porque o agressor sempre irá possuir características
autoritárias e uma única visão do que é certo. A maldade e o egoísmo
sempre vão estar nos outros, nunca nele.
Para
tentar lidar com todo esse julgamento, primeiro é preciso o
autoconhecimento. A partir disso, sabendo qual é a sua verdadeira
identidade, a pessoa será capaz de não permitir que ninguém a diminua.
Para esses casos, acompanhamentos com psicólogos sempre serão
recomendados, além de queixa-crime.
A
vida é feita de ciclos. Passamos tanto tempo sendo oprimidos. Podemos
achar que revidar a opressão com mais opressão é a solução. Às vezes,
chegamos a acreditar que esse ciclo de violência acontece apenas na
televisão. Mas convivemos com isso no nosso dia a dia. Precisamos
interromper esse ciclo. Lembre-se: não somos aquilo que o outro fez
comigo, mas aquilo que escolhemos ser. Portanto, distribua mais o amor.
(*)
Psicóloga, Pós-graduada em Neuropsicologia, Pós-graduanda em Psicologia
Existencial Humanista, pós-graduada em direitos humanos, Mestranda na
Universidade Européa Del Atlântico (Espanha), Formada pela UNESCO/UFRJ
Interpretação de Desenho Infantil, Escritora, Professora e supervisora
de psicologia, fundadora e presidente do Instituto “É Possível Sonhar”,
que atende crianças, adolescentes e mulheres vítimas de violência
doméstica.
Joyce Nogueira - Drumond Assessoria de Comunicação
Assessora de Imprensa
Nenhum comentário
Curta nossa página no Facebook, Instagram e Twitter venha fazer parte da família Lully FM!